sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Ontem, tinha dois amigos

Tinha dois amigos de faculdade. Ambos eram meus melhores amigos. Gostávamos bastante de ir para as festas juntos, sempre no mesmo carro. Costumávamos revezar na direção, para que todos pudéssemos beber. Otavio, porém, nunca se dispunha a revezar, porque não queria deixar de beber. Um dia, eu e Daniel convencemos Otavio a deixar de ebe, para que nós pudéssemos aproveitar. No fim da festa, porém, percebemos que Otavio havia nos enganado. Ele havia bebido. Decidimos, então, voltar de táxi. Otavio, entretanto, insistiu em dirigir. Eu e Daniel não queríamos de maneira alguma, mas ele se irritou. Pegou seu carro e partiu. Recbi um telefonema naquela mesma noite.
Hoje, só tenho um melhor amigo.

VIdeo LIP

http://www.youtube.com/watch?v=T8fZonbI5jk&feature=player_embedded
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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Conto de LIP II - MANGA

O sol forte era constante, o vento soprava fortemente e a chuva ao final da tarde já se tornava rotineira. O clima denunciava cada vez mais a proximidade com as férias de verão, e como de costume o sitio no interior de São Paulo de Luiz estava aberto para a temporada de férias.

Luiz e seus amigos freqüentavam aquele sitio há muito tempo, e já era obrigatória aquela agradável e prazerosa temporada de férias. Porém o que mais atraia os jovens para lá, não era unicamente o descanso e o convívio com os amigos, mas sim um pé de manga; No entanto não se tratava de uma mangueira qualquer, era uma mangueira única e diferente de todas as outras; localizada a poucos metros da casa central do sitio, grande e imponente, já era marca registrada do sitio.

A árvore havia sido plantada pelo avô do Luiz, no dia em que ele nasceu, como uma forma de presente perpetuo e eterno, que viveria e cresceria com Luiz, alem de continuar ali para as demais gerações, simbolizando tudo que mais alegrava, Manoel, avô de Luiz: O neto propriamente dito que havia sido presenteado com a árvore, a escola de samba Mangueira, que ele mais admirava, além do fruto, um dos mais apreciados por seu paladar.

As mangas apesar de doces e amarelas, como qualquer outra, possuíam uma característica singular: não possuíam fiapos e mais do que isso, inesperadamente transformavam os garotos. Estes eram escravos delas e buscavam nelas a vontade de satisfazer suas desejos.

Luiz, pela manhã colhia as mangas, que eram muito abundantes, mas que mesmo assim eram economizadas com cautela. Elas demoravam a crescer, mas durante a temporada de ferias se encontravam em tão farta quantidade que era suficiente para alimentar muita gente. A roda era rapidamente formada, logo ao lado da piscina, e então começava a distribuição das mangas. A partir dai a imaginação estava liberada para cada um, e bastava uma mordida para isto. Deste momento da manhã em seguinte, cada um se isolava na loucura de seu desejo.

A cena chegava a ser cômica, alem de muito mágica e inusitada. Via se jovens voando, outros se transformando em peixes gigantes, além de personagens da ficção e da vida real. Cada um buscava ali, ser o que não podiam ser, sentir o que não podiam sentir, estar onde não podiam estar, e no caso de Luiz conversar com quem não podia conversar.

Luiz, inesperadamente sempre escolhia a mesma coisa, que era conversar com seu pai que havia falecido antes de seu nascimento. Enquanto seus amigos buscavam aproveitar ao máximo o sobrenatural, a adrenalina e as novas experiências que este fruto podia-lhes trazer, ele passava longas tardes conversando com seu pai, que de outra forma jamais chegaria a conhecer. Não havia um dia sequer que ele buscasse experimentar outra coisa, e queria usufruir ao máximo do tempo que podia passar junto ao seu pai, que de fato era até quando os frutos durassem ou fosse embora do sitio.

Para tristeza de Luiz, não adiantava levar as mangas para sua casa em São Paulo e nem seria eterno tudo isso, pois fora de seu habitat e após certa idade que ninguém ainda havia descoberto exatamente qual, elas não passavam de qualquer outra fruta, motivo pelo qual sua mãe não entendia a necessidade de passar todas as ferias com seus amigos naquele sitio.

Por isso eles buscavam aproveitar ao máximo enquanto tudo aquilo durasse, para depois deixar na saudades tudo o que puderam experimentar de novo e diferente das demais pessoas, passando a oportunidade para as demais gerações da família de Luiz que viriam a descobrir dos poderes do fruto e usufruir destes.